Dentro da Mente dos Compradores da Geração Z
- Luan Nogueira

- 8 de jul.
- 4 min de leitura

Eles não estão apenas comprando imóveis — estão escolhendo sistemas de crenças. E isso muda tudo no mercado.
Nos bastidores do mercado imobiliário, ainda se fala em metragem quadrada, preço por metro e a velha promessa de “localização privilegiada”. Mas do lado de fora — nos vídeos do TikTok, nas mesas de cafés descolados, nas feiras de produtores locais e em grupos privados do WhatsApp — um novo comprador começa a sussurrar uma outra linguagem.
Apresentamos a Geração Z.
Nascidos entre 1997 e 2012, eles cresceram sob algoritmos, amadureceram em meio a crises econômicas e ambientais, e foram expostos à publicidade desde antes de saberem ler. Agora, começam a entrar no mercado imobiliário — não com o otimismo idealista dos millennials, mas com um olhar mais agudo. Um olhar que filtra não apenas por preço e localização, mas por propósito.
Eles não querem só um imóvel. Eles querem pertencer a algo que faça sentido.
A Nova Lista de Desejos (e não tem granito nem closet)
Esqueça o tradicional “três quartos com suíte e varanda gourmet”. Os compradores da Geração Z priorizam um estilo de vida que reflita seus valores — mesmo que isso signifique morar em um espaço menor.
Uma pesquisa recente da Zillow mostrou que 68% dos compradores da Geração Z preferem imóveis menores em bairros vibrantes e caminháveis do que casas maiores em áreas suburbanas. Isso é uma mudança estrutural.
O que atrai esse público:
Design biofílico
Princípios de casas passivas
Áreas comuns integradas à comunidade
Interiores minimalistas com materiais locais
Telhados verdes e painéis solares
Presença ativa nas redes sociais (sim, isso conta)
Eles são nativos digitais — esperam experiências fluidas, 100% online: tour virtual, assinatura eletrônica e uma comunicação visual que converse com o Instagram, não com o PowerPoint de 2007.
83% dos jovens da Geração Z que alugam imóveis afirmam ter descoberto seu lar atual em plataformas digitais (RentCafe, 2023). Se a sua comunicação parece um folder antigo, com fotos genéricas e sem alma, você já perdeu esse público.
Eles não querem ser convencidos — querem acreditar
Essa geração é naturalmente cética. Já viram selos de “eco” em embalagens plásticas e campanhas “inclusivas” com um casting de modelos padrão. Quando um incorporador diz que um projeto é sustentável ou focado em comunidade, é melhor que seja verdade — e que seja comprovável.
Veja o exemplo do The Standard Residences em Miami: mais do que um edifício, é uma proposta de estilo de vida flexível, com amenidades de hotel, design ousado e programação cultural. Ou o caso da Habitas, marca que une arquitetura modular, comunidades intencionais e um discurso real sobre bem-estar e pertencimento global.
Segundo um relatório da Ernst & Young (2024), 72% dos consumidores da Geração Z estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços que reflitam seus valores pessoais. Isso vale — e muito — para imóveis.
Cultura antes do concreto
O que vende para a Geração Z não é metragem — é narrativa.
Enquanto muitos incorporadores ainda se comunicam em jargões corporativos, essa geração está lendo Apartamento Magazine, Kinfolk, The Gentlewoman, Dazed, Casa Vogue. Eles acompanham marcas como Aesop, Tesla, Lemaire e Ganni, não pelo que vendem — mas pelo que representam.
Se o seu empreendimento não tem alma, filosofia ou propósito — ele é apenas ruído de fundo.
Onde os incorporadores ainda erram
Vamos ser francos:
A maioria das marcas imobiliárias é genérica
As imagens são genéricas ou excessivamente tratadas
As brochuras não dizem nada
As campanhas visuais ainda parecem de banco de imagem
O comprador da Geração Z enxerga isso em cinco segundos.
Eles não se impressionam com maquetes de piscina na cobertura se essa experiência não estiver enraizada em algo real. Eles vão investigar o nome do incorporador, buscar seu Instagram, pesquisar no Reddit, analisar comentários, verificar o portfólio. E decidir se vale a pena seguir adiante — antes mesmo de receber seu e-mail de venda.
Se a sua história não for consistente, perdeu o jogo.
Construindo com propósito
Para atingir a Geração Z, é preciso ir além da planta. Você precisa se perguntar:
O que este projeto representa?
Qual cultura ele promove?
Como estamos comunicando isso visual e emocionalmente?
Essa arquitetura é Instagramável porque tem essência — ou porque contratamos um stylist?
Porque essa geração não compra paredes. Compra significado.
Oportunidade à vista
Quem entender esse movimento agora pode sair na frente.
A Geração Z representa 30% da força de trabalho global até 2030, com um poder de compra estimado em 33 trilhões de dólares (Bloomberg, 2024). Eles já estão no mercado — e ainda assim, a maioria dos empreendimentos ainda foca no público Boomer.
Para concluir
Se você quer vender para a Geração Z, não construa apenas um produto. Construa uma presença.Crie cultura.
Faça da arquitetura uma linguagem.E conte essa história com imagens, sons, sensações — algo que não apenas informe, mas que encante.
Na Xarp Studio, ajudamos incorporadoras a traduzir arquitetura em identidade.Com imagens cinematográficas, narrativas visuais e branding sofisticado, damos forma àquilo que a Geração Z não apenas vê — mas sente.




Comentários