Previsão de Cores 2026: O Fim do Bege?
- Luan Nogueira
- 23 de jun.
- 3 min de leitura

Durante os últimos vinte anos, o bege dominou o mercado imobiliário e os interiores comerciais como o tom da “segurança estética”. Ele era o pano de fundo invisível de apartamentos modelo, lobbies corporativos e empreendimentos de alto padrão. Mas, ao que tudo indica, 2026 será o ano em que essa hegemonia começará a ruir.
Estamos prestes a testemunhar uma guinada cromática que não é apenas uma tendência visual, mas um reflexo de mudanças culturais, econômicas e comportamentais profundas.
O reinado do bege: de solução universal a símbolo do tédio
Por décadas, o bege foi o tom favorito do mercado imobiliário porque oferecia algo precioso: neutralidade que não polariza. Em um estudo de 2018 publicado na Journal of Environmental Psychology, ambientes em tons neutros foram associados a maiores índices de percepção de “versatilidade” e “potencial de personalização” por parte dos compradores.
Mas essa promessa de flexibilidade veio com um preço. À medida que os consumidores evoluíram e a comunicação visual se tornou mais sofisticada (impulsionada pelas redes sociais e pela cultura da imagem), o bege passou a ser visto como o símbolo máximo da previsibilidade e da falta de identidade.
A ascensão da cor: dados que confirmam o movimento
O que estamos observando agora não é apenas um capricho de designers, mas uma mudança detectável em dados globais:
O Pinterest Predicts Report 2025 revelou um aumento de +164% nas buscas por “paletas de interiores ecléticas” e +132% em “paredes coloridas para sala” entre 2023 e 2024.
A WGSN, autoridade em previsão de tendências, elegeu como Cor do Ano de 2026 o “Future Dusk”, um tom entre o azul profundo e o violeta, descrito como “introspectivo, sedutor e enigmático”.
Segundo o Relatório Global de Tendências em Interiores 2025 da Euromonitor, 57% dos consumidores entrevistados em 10 mercados-chave (incluindo Brasil, Reino Unido e EUA) afirmam preferir “ambientes com cores marcantes” ao invés de neutros quando buscam inspiração para novos lares.
E mais: no mercado imobiliário, onde se acreditava que a cor poderia “espantar” compradores, surgem números que desafiam o velho consenso. Um levantamento da Zillow (2024) sobre vendas residenciais nos EUA apontou que imóveis com cozinhas e banheiros em tons de azul profundo e verde oliva apresentaram uma valorização média de +2,6% sobre o preço pedido, enquanto os imóveis com ambientes totalmente neutros ficaram abaixo da média do mercado em regiões urbanas.
O que está por trás do fim da era bege?
1. A geração Z assume o palco
A geração que cresceu no mundo das imagens filtradas, do design gráfico acessível e da estética personalizada não se contenta com a homogeneidade cromática. Para esse público, bege é sinônimo de default, de ausência de história. Em um estudo da McKinsey (2024), 72% dos jovens compradores de imóveis afirmaram preferir projetos com “personalidade visual clara” no material de marketing (renders, maquetes e vídeos).
2. A era da marca pessoal chega ao espaço físico
Com a popularização da ideia de personal branding, os consumidores esperam que suas casas e ambientes comerciais reflitam quem são e o que valorizam. O bege, ao se esforçar tanto para não dizer nada, acaba falhando em cumprir esse novo requisito.
3. O impacto emocional das cores
Estudos de psicologia ambiental (como o publicado no Color Research and Application Journal, 2023) demonstram que cores ricas e bem aplicadas aumentam em até 14% as taxas de memorização de um ambiente e criam uma experiência sensorial mais envolvente, algo fundamental em mercados saturados.
A nova paleta do mercado imobiliário
As cores que emergem como protagonistas de 2026 não são aleatórias. Elas são carregadas de significado e são escolhidas estrategicamente para se alinhar com valores e desejos do público-alvo:
Verde petróleo e oliva: associadas à sustentabilidade, tradição e serenidade.
Terracota e açafrão: evocam calor, hospitalidade e conexão com o artesanal.
Azul profundo e preto acinzentado: comunicam sofisticação, confiança e contemporaneidade.
Toques de lilás e violeta: sugerem criatividade, introspecção e modernidade.
O futuro: cor como ativo estratégico
Para incorporadoras, escritórios de arquitetura e marcas de interiores, a cor deixa de ser detalhe estético para se tornar ativo estratégico de branding. Empreendimentos que ousam construir um discurso visual coeso, desde os renders até o espaço físico final, têm maior chance de engajar, memorizar e, claro, vender.
Não é o fim do bege — mas do bege como padrão
Que fique claro: o bege não desaparecerá. Ainda haverá espaço para ele como elemento de equilíbrio em paletas mais ousadas. O que chega ao fim é sua condição de escolha padrão, automática e incontestável.
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